quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Hora da Estrela

O filme proporcionou a Marcélia o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim


Que filme maravilhoso. Sim, é uma adaptação do livro de Clarice. Assisti domingo à tarde na república de minha caríssima amiga Fabrícia, que trabalha no Sesc e consegue essas coisas preciosas para contemplarmos.

Não sei se é pela aproximação dos últimos dias que tive com Diego Assunção (seu blog está na minha lista), “expert” em cinema, ou porque comecei a fazer teatro, mas ultimamente tenho observado mais detalhadamente essa arte.

O longa-metragem é de Suzana Amaral, uma senhorinha muito simpática, viva, e inteligente que só. Achei lindo ouvi-la dizer: “No cinema os atores são, não representam”. Não exatamente assim, pois minha memória não é lá tão boa, mas era muito próximo a isso.

A personagem principal, Macabéa, vivida por Marcélia Cartaxo, é uma nordestina, órfã, que mora em São Paulo, e de nada sabe da vida. “Meu nome é Macabéa, tenho 19 anos, sô datilógrafa, virgem, e gosto de coca-cola”.

Ela come pão com salsicha quase todos os dias e sonha em ser estrela de cinema. Gasta tempo recortando e colando fotos de revistas nas paredes do quarto, dividido com algumas tantas outras mulheres, numa espécie de cortiço.

Não vou contar a trama, mas adianto que é perfeita. Tudo a ver com nosso Brasil da década de 80. Na verdade, ainda se parece com o Brasil de hoje. Mas, não só por isso. O filme é lindo, emocionante por si só.

Turnê Hillsong Brasil 2008


Viajei legal na maionese sábado. Chegaria até a ser engraçado, se não fosse comigo, claro. Quem nunca se engana? Já diz a Bíblia "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso, quem o conhecerá?" Je 17:9.

Mas isso não vem ao caso, vamos falar de coisas que valem a pena; dia 13 de novembro haverá show do Hillsong em Camboriú (SC), dessa vez eu não perco! Carona, excursão, etc., por favor, me avisem!


CONFIRMADA TURNÊ HILLSONG BRASIL 2008




Em todos os locais os shows serão abertos e sem ingressos.

→ Balneário Camboriú - SC - 13/11 (quinta-feira)
organizadores: Igreja Vida Nova - Fone: (47) 3366-0594informações: o Show será na Praia Central de Balneário Camboriú[ http://www.ievn.com.br/home/13denovembro.swf

→ Brasília - DF - 14/11 (sexta-feira)
organizadores: Igreja Ministério da Fé - Fone: (61) 3336-4191informações: o Show será na Esplanada dos Ministérios[ http://www.ministeriodafe.com.br/ ]

→ Rio de Janeiro - RJ - 15/11 (sábado)
organizadores: Igreja Comunidade Zona Sul - Fone: (21) 22856993informações: o Show será na Praça da Apoteose[ http://www.comunidadezonasul.com.br/ ]

Nego e não nego!

Galera que quer negar. São jovens integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), em Congresso no mês de abril, em Barra Bonita, SP.


Por que negar?

Por Dandara Fuhrmann e Fabrícia Lopes

Muitas transformações históricas têm sua gênese na negação. O que seria do proletariado se não tivesse se organizado em sindicatos e dito não à exploração, e do meio ambiente se não houvesse militantes que dissessem não ao desmatamento? E se Martinho Lutero não tivesse dito não ao clero e suas indulgências? Enfim, vários foram os “nãos” cruciais para a garantia de mudanças.

1968 foi o ano que melhor representou o sentimento de negação da juventude em toda parte do globo. Movimentos sociais eclodiram como forma de protesto à Guerra do Vietnã (1964- 1975), à repressão sexual, à manipulação do imaginário coletivo pela mídia, e à ordem cultural predominante. “A coisa da liberdade, da subjetividade, do comportamento, são conquistas de 68, e muitas dessas conquistas foram se aprimorando”. Afirma o Jornalista Zuenir Ventura, autor do livro 1968 – “O ano que não terminou” - Editora Planeta.

A contracultura era muito evidente neste momento. Jovens buscavam uma forma alternativa de vida, desligada do mundo organizado, que prezasse a liberdade e o prazer. O movimento Hippie foi uma demonstração de comportamento não ajustado aos padrões vigentes da sociedade. Com o lema “Make love not war” (faça amor e não guerra) e “flower power” (poder das flores), pretendiam negar às guerras e ao apego aos bens materiais, assim como propor uma volta aos valores naturalistas.

Neste momento, o Brasil vivia sob o jugo da ditadura militar. As manifestações estudantis assimiladas também por artistas, intelectuais, operários e sindicalistas contra a ditadura possibilitaram a formação da atual democracia representativa. O filósofo Prof. Dr. Júlio Tognolli da Universidade de São Paulo (USP), foi militante dos movimentos contra a ditadura militar, e concedeu-nos entrevista via telefone, na qual disse que a contracultura teve como um de seus pilares as idéias de Nietzsche e Herbert Marcuse que, ao reinterpretar a teoria psicanalítica de Freud, conclui que o Racionalismo (doutrina filosófica surgida nos séculos 17/18 - afirma ser a razão o único órgão adequado e completo do saber), na verdade não leva à liberdade, mas ao descontrole. “Chegou-se à possibilidade da não-repressão, rapidamente adotada pela libertária juventude, que passou a repudiar a razão. A contracultura surgiu, justamente, porque as pessoas haviam se cansado do nazismo, e das bombas atômicas. Essa geração indagou: Porque confiar no homem?” Explicou Tognolli.

O término da repressão política no Brasil trouxe, entretanto, o esquecimento da mesma. Há que se negar a esse esquecimento. Seria porque a democracia não empolga? “A democracia é um regime necessariamente de tédio”, disse o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. A necessidade do debate político, da busca pela compreensão do cenário social é mais facilmente percebida em tempos de insegurança política. O que talvez não ocorresse se o leque possiblitado pela democracia fosse enxergado – “Pois é na rotina que podemos fazer as melhores coisas. Quando todo dia fazemos um pouco de coisas boas, fazemos muito. É assim que se constrói um país livre e bom de viver: fazendo das melhores práticas, rotinas. Para quem tem imaginação, isso é altamente empolgante”, conclui o filósofo.

Essa falta de empolgação permitiu o desenvolvimento de práticas, exercidas principalmente pela mídia, que suprem a necessidade de entusiasmo pelas relações humanas. Intelectuais como Guy Debord, filósofo e estudioso de nossa realidade pós - moderna, afirma que vivemos numa fase marcada pela troca do real pela sua representação, ou seja, a sociedade do espetáculo. Tudo aquilo que falta na vida rotineira e desgastante do homem comum é suprido pelas representações da mídia e das peças publicitárias que transmitem emoções de aventura, felicidade, prazer, que deveriam ser vivenciadas diretamente. Seria uma maneira artificial de se viver, em que as sensações são calculadamente construídas e vendidas à sociedade. Este conceito é também conhecido como “fetichismo da mercadoria” - a felicidade atrelada ao consumo. O livro de Debord, “A sociedade do espetáculo” - Editora Contraponto - reflete esta problemática.

Segundo a antropóloga Aline Vilhena, o conflito, tanto interior como exterior, é de grande relevância, pois, ao percebermos o que nos cerca e ao tentar entender suas devidas circunstâncias, evoluímos, e negar, sem dúvida, é uma das atitudes cabíveis para que transformações positivas ocorram.